Galera, quero me retratar aqui
Ontem publiquei uma denúncia no facebook, que vi através do twitter do José Ilan acerca de uma comunidade do Orkut que exaltava o rapaz que assassinou essas crianças na escola de Realengo. Como tenho um perfil no Orkut que me atende inclusive profissionalmente, tenho ficado bastante preocupado com a veiculação de ideologias de caráter discriminatório neste canal. Resolvi publicar a denúncia em outros canais (como o facebook), pois acho que o Orkut precisa se posicionar mais depressa em relação a esse tipo coisa. Tudo ok. Só que o link mencionava o termo “monstro de Realengo”. Quero me retratar aqui, pois embora seja óbvio a barbárie destes atos, assassinatos, deste rapaz – e entendo meus sentimentos às famílias que tiveram perdas neste sinistro evento – ele não é um “monstro”, mas “humano, demasiado humano” ou “humano, miseravelmente humano”, como diria meu amigo Dines. Sem dúvida, quem leu trechos da carta que o assassino deixou, vê com clareza um indivíduo no perigoso limiar entre o psicótico e a psicopatia. Como “o sujeito psicológico é aquele que se desconhece”, ninguém pode considerar que não vá cometer atos “surtados”, qualquer pessoa pode cometê-los. Todos nós, de bem, queremos expandir o bem, tratar pessoas bem e receber o bem de volta, mas a verdade é essa: qualquer pessoa pode cometer um ato de violência, numa situação limite ou momento de surto ou mesmo noutros males onde, por exemplo, o indivíduo comete atos bárbaros e depois se esquece... é tênue o limiar da loucura. É óbvio que o assassino, pelo cenário que construiu e mensagem que deixou, era um psicopata bomba-relógio prestes a explodir. Neste sentido, diferente da pessoa de bem, que cultiva valores, mas que pode sim, num dia de “surto”, fazer algo sinistro. Mas essa relação, entre a possibilidade do surto na pessoa de bem e a barbárie efetiva de um psicopata, revela uma coisa importante: todo indivíduo carrega uma sombra que, se não for conhecida e “trabalhada”, pode explodir da pior maneira, seja num indivíduo violento, ou no bonzinho. Nossas sombras se manifestam em nossos atos violentos, antiéticos, desumanos, em processos dos quais somos inconscientes. Assim, quando chamamos de monstro esse indivíduo, psicopata, estamos manifestando a nossa própria sombra, além de ignorância psicológica. Ele é tão humano quanto qualquer um, sem dúvida, não teve a oportunidade de vivenciar valores e reproduziu e devolveu à sociedade a violência e indiferença com que lidou. A grande questão é:
Como um indivíduo como esse passou por um processo pedagógico e não foi encaminhado para um serviço de psicologia?
Ou realmente nossas escolas são mega despreparadas para formar indivíduos ou nós, cegos de nós mesmos, continuamos reproduzindo sombras em níveis mais ou menos sinistros, que nos impedem de enxergar com clareza a direção para a construção de uma sociedade mais equilibrada. “Humano, demasiado Humano”
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