sexta-feira, 10 de abril de 2009

1076 ENTEÓGENOS

Observando a vasta, mas não exaustiva lista de possibilidades de usos destes agentes, verificamos que o uso de drogas em nossa sociedade (de uma maneira 7 patológica) é a exceção, e não a regra. Pesquisadores respeitados como Abert Hofmann (descobridor do LSD-25) e Giorgio Samorini referem-se a esta atual situação do uso de drogas em nossa cultura como uma desacralização/profanação (Hofmann) ou desculturação (Samorini, 2002). O que estes autores (e tantos outros) afirmam é que o uso destes professores vegetais sempre esteve cercado de ética, moral e regras deconduta ratificadas pelos valores culturais. O antropólogo Edward MacRae (1992) disserta sobre como sanções socioculturais empregadas por grupos que fazem um uso ritualizado de psicoativos são mais eficazes que as leis proibicionistas de grande parte das nações quando comparamos os efeitos sociais do controle e forma de uso destes diferentes pontos de vista. Alberto Groisman (2000), em sua tese de doutorado sobre as igrejas do Santo Daime na Holanda, afirma que, na maioria das vezes, os aspectos socioculturais são mais importantes (e, inclusive, moldam/controlam) nas experiências com psicoativos do que os aspectos psicofarmacológicos. Com estes argumentos – que não são exaustivos – podemos observar e, pelo menos, reavaliar nossa postura perante o atual modelo de relação que temos com os psicoativos em geral e, especialmente, com os enteógenos. Esta atual “guerra contra as drogas” mostra-se, cada vez mais, uma guerra etnocida, como já havia dito o antropólogo Anthony Henman em 1986.

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