domingo, 15 de fevereiro de 2009

974 INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS EM FREUD

Vamos ver um exemplo de sonho de desejo interpretado por Freud : Aventurei-me a interpretar — sem nenhuma análise, mas apenas por meio de um palpite — um pequeno episódio ocorrido com um amigo meu que freqüentara a mesma classe que eu durante todo o nosso curso secundário. Um dia, ele ouviu uma palestra que proferi perante um pequeno auditório sobre a idéia inédita de que os sonhos eram realizações de desejos. Foi para casa e sonhou que perdera todos os seus casos (ele era advogado), e depois me contestou nesse assunto. Fugi à questão, dizendo-lhe que, afinal de contas, não se podem ganhar todos os casos. Mas pensei comigo mesmo: “Considerando que, por oito anos a fio, sentei-me no banco da frente como primeiro da classe, enquanto ele ficava ali pelo meio, ele dificilmente pode deixar de alimentar um desejo, remanescente de seus tempos de escola, de que mais dia menos dia, eu venha a me tornar um completo fracasso.” O trabalho do sonho está sujeito a uma espécie de exigência de combinar todas as fontes que agiram como estímulos ao sonho numa única unidade no próprio sonho. Os sonhos nunca dizem respeito a trivialidades: não permitimos que nosso sono seja perturbado por tolices. Os sonhos aparentemente inocentes revelam ser justamente o inverso quando nos damos ao trabalho de analisá-los. A fonte de um sonho pode ser: a) Uma experiência recente e psiquicamente significativa, que é diretamente representada no sonho. b) Várias experiências recentes e significativas, combinadas numa única unidade pelo sonho. c) Uma ou mais experiências recentes e significativas, representadas no conteúdo do sonho pela menção a uma experiência contemporânea, mas irrelevante. d) Uma experiência significativa interna (por exemplo, um lembrança ou um fluxo de idéias), que é, nesse caso, invariavelmente representada no sonho por uma menção a uma impressão recente, irrelevante.

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