CORPO E CULTURA
Everton Cardoso
O desenvolvimento da Antropologia enquanto saber está intimamente relacionado ao conceito de Cultura. Quando tentamos definir Cultura, geralmente pensamos em suas manifestações visíveis, externas em relação ao indivíduo e que se manifesta através de seu comportamento, constituindo os hábitos, trajes, rituais, instituições, etc., de determinados grupos sociais e regiões que englobam estes indivíduos. Entretanto, uma das importantes contribuições – talvez a mais importante – da Antropologia está justamente em demonstrar o caráter virtual, invisível da Cultura, algo inerente ao próprio indivíduo, presente em sua mente, em seu aparato psíquico.
Tentando equacionar em seu discurso a postulação de uma unidade biológica da espécie humana e a questão da diversidade cultural – especialmente enfatizada a partir do advento de uma Antropologia experimental, a Etnografia -, o empreendimento antropológico apresenta a Cultura como o fator primordial de humanização do “bicho homem”, fator que torna estável as reações comportamentais – biológicas – desse homem, funcionando como um mecanismo adaptativo (Velho & Viveiros de Castro; 1980:16). Não obstante, esta humanização não se realiza universalmente de um modo único, ao contrário, sua objetivação ocorre sempre através de um modo de vida particular.
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