ESTE MUNDO QUE NÃO PODEMOS MAIS DESTRUIR
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Freud disse que “a base em que repousa a sociedade humana é, em última análise, de natureza econômica. Não possuindo meios suficientes de subsistência para permitir aos seus participantes viver sem trabalhar, a sociedade é obrigada a limitar o número de membros e a desviar a sua energia da atividade sexual para o trabalho” (Introdução à Psicanálise). Obviamente, esta universalidade bastante vaga da “sociedade humana” é contestável, porém, o mesmo não se pode dizer numa perspectiva muito próxima da visão de Darwin. Freud percebe que a economia de mercado, ao transferir a energia da felicidade para o trabalho, cometeu, sem dúvida, uma monstruosidade que continuará a ser a testemunha de uma doença social, de uma sociose. Outras possibilidades existiam. Porque a Europa destruiu em si as suas alternativas para a plenitude e desviou-se de um universo onde reinaria a comunicação generalizada e a festa, não quer isto dizer que ela (capitalista ou socialista) constituía um modelo absoluto. É preciso deixar o virtual e o possível nos invadirem ou então habituarmo-nos a um mundo que nunca mais poderemos modificar ou destruir.
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